Poesia e sabedoria de Bituca

Quero falar de uma coisa, Milton Nascimento representa para mim, muito mais que uma voz nas estradas.

Um brinde à vida e à saúde de Milton Nascimento.

E neste sábado, 25/jan/20 foi maravilhoso curtir seu show no Rio de Janeiro. Minhas irmãs Shirley e Stael que já tinham assistido o show em Minas, vieram especialmente para ver novamente. E junto com minha amiga Karla Leite, tivemos uma noite memorável.

Apesar de o corpo estar debilitado, sua voz e sua energia são contagiantes. Seus convidados, Gal Costa, Lô Borges, Wagner Tiso, Flávio Venturini, também pareciam curtir cada momento no encerramento da turnê Clube da Esquina. Maria Gadu e Criolo se desmanchavam por ele no palco.

Maria Gadú reverenciando o mestre.

E eu acabei juntando uma porção de versos, para expressar um pouco do que sou, também a partir dele:

Com sol e chuva você sonhava
Que ia ser melhor depois
Você queria ser o grande herói das estradas
Tudo que você queria ser

No entanto,

Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino

Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre

Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre


Quantas vezes se escondeu
Mas renova-se a esperança
Nova aurora a cada dia

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo

Pois seja o que vier, venha o que vier

Você vai ter que encontrar
Aonde nasce a fonte do ser

Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem se lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, aço, aço

Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos

Eu simplesmente não consigo parar

Eu já estou com o pé nessa estrada

Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero…

Outro dia já vem e a vida se cansa na esquina
Fugindo, fugindo pra outro lugar, pra outro lugar.

Tenho comigo as lembranças do que eu era
Para cantar nada era longe tudo tão bom

Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador

Há um passado no meu presente

E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade, alegria e amor

Noite chegou outra vez de novo na esquina
Os homens estão, todos se acham mortais
Dividem a noite, lua e até solidão

Quando eu falava dessas cores mórbidas
Quando eu falava desses homens sórdidos
Quando eu falava desse temporal
Você não escutou

E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal

Mas não importa, não faz mal
Você ainda pensa e é melhor do que nada

Ah, quanto eu queria me espraiar
Fazer a trança à calmaria
Avistar terra e não saber
Se ainda o é quando for dia

Para o que não tem solução
A sede do peixe ensinou
Não me vale a água do mar
Nem vinho, nem glória, navio
Nem o sal da língua que beija o frio
Nem ao menos toda raiva

Cantando me disfarço e não me canso
De viver nem de cantar

Se eu cantar não chore, não
É só poesia

Se eu morrer não chore, não
É só a Lua

Resistindo na boca da noite um gosto de sol

Eu, caçador de mim

Versos capturados das seguintes músicas de Milton nascimento: Caçador de Mim, Canção Da América, Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor, Maria, Maria, Um Girassol da Cor de Seu Cabelo, Encontros e Despedidas, Nada Será Como Antes, Clube da Esquina, Paisagem da Janela, Coração de Estudante, Clube da Esquina ll, Tudo Que Você Podia Ser, Bola de Meia, Bola de Gude, Cais, Nos Bailes da Vida, A Barca Dos Amantes, A Sede do Peixe (Para o Que Não Tem Solução)
As irmãs “S” – Elas se amam de qualquer maneira, Elas se amam e pra vida inteira.

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