Os mitos sobre envelhecimento e a velhofobia

Você tem medo de envelhecer? Ou seja, tem velhofobia?

Velhofobia– preconceito e abusos contra idosos, decorrentes do fato de que as pessoas idosas são consideradas inúteis, desnecessárias e invisíveis. O termo se refere não só aos preconceitos, estigmas e tabus associados ao envelhecimento, mas também ao pânico de envelhecer e sofrer “todas as consequências.” 

As consequências do envelhecimento tão assustadoras e amedrontantes são decorrentes dos vários mitos ligados ao envelhecimento, à memoraria de pessoas próximas que envelheceram não tão bem e também à cultura jovencêntrica que temos no Brasil. Por tudo isto, a sociedade vem perpetuando o idadismo, que é o preconceito de idade, que gera atitudes de desrespeito e menos valor à pessoa que soma mais anos à sua vida.

Felizmente já começam a surgir muitas iniciativas para combater esta falta de conhecimento sobre o envelhecimento individual e da população em geral. Segundo a OMS, a discriminação por idade leva a uma saúde mais precária, isolamento social, mortes prematuras e custa bilhões às economias.

 A Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou um relatório em março de 2021 fazendo um chamado urgente para combater este flagelo.

“Enquanto os países buscam se recuperar e se reconstruir da pandemia, não podemos permitir que estereótipos, preconceitos e discriminação baseados na idade limitem as oportunidades de garantir a saúde, o bem-estar e a dignidade das pessoas em todos os lugares”. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. 

Aos poucos vamos esclarecendo e contribuindo para reverter este quadro e por isto gostaria de relacionar alguns aspectos que não passam de mitos sobre o envelhecimento:

1 – O idoso volta a ser criança

A Gerontologia, ciência que estuda o processo de envelhecimento em suas dimensões biológica, psicológica e social, enfatiza que não devemos infantilizar o idoso, porque esse indivíduo tem experiências, vivências e temos que respeitá-lo, além disto, não devemos passar a ideia de que ele não tem mais capacidade para realizar suas atividades, de preservar sua independência e autonomia.  O fato de que alguns idosos precisam de ajuda para realizar alguma atividade não dá o direito de usar diminutivos ao lidar com ele “vovozinho, “velhinho” “tiozinho”, que podem ser interpretados como uma forma de carinho, mas também de forma pejorativa.

Tratamos deste assunto no post “Sou velho, não sou criança!”

Foto por Alex Green em Pexels.com

2 – A demência, como o Alzheimer é parte inevitável do envelhecimento.

A demência, como o Alzheimer são condições de saúde que podem afetar os mais velhos, mas não necessariamente afetará todo mundo. Falhas ocasionais de memória podem ocorrer devido ao déficit de atenção, privação de sono, quadros depressivos, redução de vitaminas, entre outros fatores. Já se começarem a atrapalhar a rotina os médicos devem ser procurados. Embora ainda não tenha cura, exercícios físicos e cerebrais e cuidados com a alimentação podem retardar sua evolução.
Estudos recentes apontam que os mesmos fatores de riscos que podem levar à alta da pressão arterial, colesterol elevado, diabetes e obesidade também podem ser relacionados à doença de Alzheimer ou outras causas de demência.

 3 – Não adianta se exercitar, os músculos diminuem com o passar do tempo

Com a idade, há um aumento na massa de gordura corporal, gerando acúmulo de depósitos de gordura na cavidade abdominal, e uma diminuição da massa corporal magra. Alguns estudos sugerem que diferentes fatores contribuem para este fenômeno, incluindo alterações hormonais, perda de neurônios motores, nutrição inadequada e inatividade física. Por isto mesmo, o exercício físico é tão importante para todas as idades.

Foto por RODNAE Productions em Pexels.com

E nunca é tarde demais começar! O exercício, mesmo após 50 anos ou mais, traz inúmeros benefícios, tais como aumento da força muscular, redução das dores, melhora da mobilidade, diminuição do número de quedas e do risco de fraturas, controle da pressão e da glicemia, reversão da osteoporose, aumento da capacidade cardiorrespiratória, além de ser ótimo pretexto para conviver com amigos ou fazer novas amizades. Uma pesquisa publicada na revista Nature Medicine apresentou um conjunto de evidências de que o hormônio irisina, liberado pelos músculos durante a atividade física, é importante para a formação da memória e a proteção dos neurônios associados à origem do Alzheimer.

4  – É normal sentir dor, os idosos são frágeis

Com um envelhecimento ativo e saudável os idosos podem levar uma vida sem muitas queixas. Uma das principais causas de dor no idoso são as osteoartrites (artroses). Embora seja mais comum com a idade, por causa do impacto do tempo sobre a cartilagem, há atitudes que você pode ter para evitar esse problema, como manutenção do peso e o uso de sapatos confortáveis e exercícios físicos orientados por um bom profissional. A dor não deve ser considerada como natural , deve ser investigada para ter o tratamento adequado.

5- Envelhecer é deprimente

A depressão pode atingir pessoas de quaisquer idades, inclusive crianças, e tem tratamento. Porém a mudança do status social como separação ou viuvez, aposentadoria forçada e falta de outros interesses ou convício social, podem levar à depressão. Estudos mostram que idosos com depressão não tratada ficam mais propensos a desenvolver problemas de memória e de aprendizagem. Outras pesquisas ligam a depressão a um risco aumentado de morte por inúmeras doenças relacionadas à idade, incluindo Parkinson, acidente vascular cerebral e pneumonia.

É importante ficar atento à apatia, vontade de se isolar, mudanças de hábitos alimentares e queda da imunidade. Um psicólogo ou psiquiatra, podem dar um melhor diagnóstico e prescrever um tratamento.

6 – Não há vida sexual na maturidade

 Ser sexualmente ativo depende mais da saúde da pessoa e do parceiro do que da idade.  

Nossa pesquisa sobre amor e sexualidade, feita aqui pelo blog, nos trouxe algumas informações bem preciosas. Dos 490 respondentes, 57% afirmam que continuam tendo uma vida sexual regular, mesmo no período da quarentena, sendo que 30% disseram que praticam sexo 4 vezes por semana.  As razões para não ter uma vida sexual plena estão ligadas à alterações hormonais suas ou do (a) parceiro (a) ou ouros problemas de saúde.

Também são frequentadores de sites de relacionamento, com 33,5% de pessoas confirmando que são inscritas e buscam novas formas de prazer, 36% já realizaram compras em sex shop, comprando artigos variados.

Comportamentos de risco também foram detectados, como sexo casual sem proteção, quando sabemos que doenças sexualmente transmissíveis não escolhem idade.

Brevemente vamos lançar um e-book com mais descobertas sobre o comportamento sexual para pessoas acima de 50 anos, que com certeza ajudará a quebrar ainda mais este mito.

7 – Somente pessoas acima de 70 anos devem procurar o geriatra.

Geriatra é o médico que se especializou no cuidado de pessoas idosas, mas segundo especialistas, o ideal é que pessoas acima de 40 anos já comecem a se consultar com um. O geriatra utiliza uma abordagem ampla para a avaliação clínica, incluindo aspectos psicossociais, escalas e testes.

Está mais preparado para lidar com doenças como hipertensão arterial,  diabetes, osteoporose,  demências e trata de problemas com múltiplas causas, como tonturas, incontinência urinária e tendência a quedas.

Em nossa pesquisa, 77% dos respondentes responderam que nunca consultaram um geriatra. Talvez seja por este motivo, que tanta gente ainda alimenta estes mitos, quando em uma consulta, muitos dos problemas pudessem ser facilmente detectados, tratados e até mesmo evitados.

O combate ao idadismo passa por desmoronar os mitos sobre o envelhecimento.
Foto por Anna Shvets em Pexels.com

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