Luiz trabalha a mais de 30 anos em recepção de hotéis cinco estrelas. Fala 3 idiomas além do português, é super simpático e os hóspedes repetitivos já chegam procurando “o Luiz do sorriso largo, aquele que me dá as melhores dicas na cidade e me ajuda a resolver os problemas enquanto estou aqui”.

Mas Luiz tem mais de 50 anos, a pandemia chegou, o hotel foi fechado por um longo período, e a direção da empresa teve que dispensar alguns colaboradores. Como em muitas outras empresas, a régua de corte mirou nos profissionais mais velhos e a empregabilidade da população madura se deparou com mais um grande obstáculo.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), na faixa etária de 50 a 64 anos, o crescimento de desemprego foi de 9% . Uma das razões alegadas é que por se tratar de um grupo de risco as empresas estariam “protegendo” estas pessoas. Por outro lado, a pandemia acelerou a automação dos processos na área de serviços, principalmente na hotelaria, que passou a procurar soluções que evitassem o contato com humanos (possíveis portadores do vírus Covid-19). O check-in via celular, o despacho de bagagem e uma série de robôs diversos fazendo o atendimento passou a ser uma tendência.
Economicamente as empresas estão tomando o caminho correto na inovação, novos serviço automatizados, diminuindo custo de mão de obra e todos os impostos e taxas decorrentes disto? A resposta provavelmente será sim, após estudar a planilha de custos x receita.
Mas e se pensarmos em qual o valor que ficou realçado justamente durante a pandemia? Não foi a empatia, a compreensão do outro? Do que mais as pessoas se queixaram? Não foi a ausência? Não sentiram falta do calor humano?
Se o que estamos preocupados são os aspectos econômicos, também temos que levar em conta que a faixa de consumidores e usuários de serviços que mais cresce é justamente a de 50+. Não somos avessos à tecnologia, podemos facilmente aprender a lidar com máquinas, equipamentos robóticos e conversar com chatbot. Mas não nascemos digitalizados e ainda valorizamos e muito o “sorriso largo”, mesmo que este esteja temporariamente escondido debaixo da máscara, podemos sentir os olhos sorrindo.

As empresas precisam se tornar age-ready, ou seja, cocriar soluções para a participação do profissional sênior no mercado de trabalho, uma vez que a expectativa de vida aumentou expressivamente.
Então temos dois lados: de um, profissionais experientes, que foram treinados para interagir com humanos e do outro, um mercado crescente que prefere relacionar com humanos ao invés de máquinas. Em contraponto, a necessidade de ser mais ágil nos processos, economizar em mão de obra e evitar contaminação.
Qual o caminho? Eu sempre acho que existe um caminho do meio. Cada empresa tem que avaliar seu portfolio de produtos e serviços, entender seu público alvo e olhar para dentro para ver como pode reter uma mão de obra qualificada e com ainda muito gás para trabalhar.
Se você é alguém com mais de 50 anos e procura novas oportunidades, mas está preocupado com a empregabilidade, saiba que atualmente já há uma série de iniciativas que ajudam neste sentido, uma delas já citamos neste blog , que é a Maturi. Mas você tem que se atualizar, procurar saber o que está se passando no mercado, aprender novas habilidades e competências.
As empresas também já começam a se movimentar na busca de oferecer condições adequadas e responsivas para os colaboradores desta faixa etária. Recentemente a Great Place to Work fez um ranking das empresas e suas melhores práticas para este segmento.

Se você ainda duvida das razões para ter trabalhadores acima de 50+ leia o artigo da WeAge: 10 razoes para contratar e reter trabalhadores de mais de 50 anos.
O desafio é grande, mas juntos, nós os 50+ e os empresários de quaisquer idades, podemos buscar soluções criativas, disruptivas e inovadoras, porque nem sempre a inovação está ligada a tecnologia.
Quer contribuir com ideias e sugestões? Ficaremos felizes em receber seus comentários.
