Participei no domingo do evento Longevidade Expo+Forum e ouvi de vários palestrantes e debatedores que a pessoa que vai viver 150 anos já nasceu. Na segunda feira vejo uma reportagem dizendo que a pessoa que vai viver 1000 anos também já nasceu!!!
Isto me causa espanto e estranheza e ao mesmo tempo me soa possível. De qualquer forma, quem quer viver tanto tempo? Quais seriam as condições físicas desta pessoa e, além disto, nossas cidades, poder público, empresas de produtos e serviços e condições de vida estão preparados para tanto?
Os cientistas buscam o prolongamento de vida, através da medicina antienvelhecimento também chamada de gerontologia ou biomedicina experimental e alguns até mesmo buscam a imortalidade, através da “reposição de peças” e do congelamento de órgãos e corpos inteiros.
Fato que ninguém quer pensar em morte, muitos têm medo dela, mas quem quer viver tanto tempo? E em que condições? Creio que melhor que viver tantos anos, seria viver melhor durante a velhice.
Que coisa boa foi ouvir no evento que é bom ser chamado de velho. Que velhice não é defeito. Como foi bom ouvir sobre o ageísmo – o termo vem do inglês (ageism) e usa a palavra age, que significa idade, para descrever o preconceito e discriminação contra as pessoas mais velhas. Este termo foi criado em 1969 pelo psiquiatra americano Robert Butle. No Brasil a tradução é velhismo e pouca gente tem falado sobre isto.
Estes comportamentos vão desde considerar o idoso “desnecessário” ou “improdutivo” até a infantilização do sujeito mais velho. Todos os dias vemos gente desconsiderando os mais velhos nas filas de bancos ou caixa de supermercados, mídia zombando de pessoas mais velhas que ousam vestir ou agir de maneira que “não são adequadas para pessoas que passaram da idade”.

Enquanto isto, a economia prateada chama atenção. O grupo acima de 50 anos é o único que cresce na população. E o velho não quer só emprego, quer inclusão no mercado de trabalho, onde possa oferecer produtos, projetos, serviços, conhecimentos e sabedoria ao mesmo tempo em que demanda tudo isto em medicina, saúde, realização e bem estar, fazendo a economia girar.
É preciso buscar novos modelos de trabalho, tecnologia, economia compartilhada porque as pessoas não querem só viver mais, querem ressocialização, gerar valor e viver bem e isto só se dará através da intergeracionalidade. Se as gerações não se derem as mãos e colaborarem entre si, todos nós perderemos.
Será preciso uma reinvenção, ao mesmo tempo em que a Inteligência artificial elimina o trabalho braçal, ainda levará muito tempo para que elimine o trabalho criativo, crítico e a inteligência emocional advinda com a idade.
Então vamos viver os anos que nos restam com paixão, tesão e um pouco de irreverência, mostrando a língua para os ageístas e velhistas de plantão!
Adorei o termo “velhismo”, não conhecia! As organizações precisam entender que contratar 50+ não se reduz a fazer marketing para sinalizar diversidade/inclusão, mas sim ter expertise para se adequar a um mercado ENORME que já está acontecendo, com muito pouca gente explorando as oportunidades!
CurtirCurtir
Q texto lindo! E a pergunta q não nos fazem é exatamente esta: vc quer viver mais, ou envelhecer intensamente, com mais qualidade e inclusão?
CurtirCurtido por 1 pessoa