Estava eu assistindo a Globonews semana passada e de repente aparece a jornalista Cristiane Pelajo anunciando seu programa especial no #Edição16 sobre empreender após os 60 anos, no Profissões do Futuro.

O primeiro negócio mostrado foi uma startup chamada Morar Com Vc fundada pela Veronique Forat (61) e a Marta Monteiro (64) em março/2017, uma espécie de “Tinder da Moradia 60+”. É uma plataforma que conecta pessoas mais maduras que querem encontrar alguém para dividir casa. Até então uma tendência que estava identificada com o mercado jovem, o coliving ou cohousing também tem tudo a ver com os maturis. O site já tem 1.000 inscritos e histórias de sucesso, e as empreendedoras passaram por vários eventos de mentoria, hackatons, competições de startups e agora estão numa aceleradora. Brincam que eram as “tiazinhas” da Campus Party.

Foto: PBS News Hour
Uma experiência pioneira na Holanda colocou jovens universitários morando com idosos em um asilo. Na Humanitas, 6 estudantes moram com 160 seniors, seguindo a regra de ser “bons vizinhos” e dedicar 30 horas por mês a atividades conjuntas. A ideia começou a partir de uma reclamação recorrente dos jovens de que não tinham sossego nos dormitórios estudantis.
Em 2015, um projeto em Helsinki/Finlândia abriu 3 vagas para jovens morarem com idosos e os organizadores levaram um susto: 315 candidatos entre 18 e 25 anos se inscreveram! A moradia saía de graça, em troca deles dedicarem um mínimo de 5 horas semanais para interagir e passear com os mais velhos. E aí aconteceu a mágica da mentoria reversa: os jovens ensinaram coisas novas aos maturis, que por sua vez tornaram-se conselheiros deles. Os idosos afastaram sua sensação de isolamento, enquanto os millennials escaparam da ameaça de não conseguir moradia, num país com preços exorbitantes de aluguel e escassez de imóveis.
As comunidades intencionais – intergeracionais ou não – estão se transformando numa tendência mundial. Esqueça o estereótipo de asilos, casas de repouso e quetais, com enfermeiros e assistentes sociais de plantão. Itália, Estados Unidos, França, Holanda, Dinamarca e até o Brasil já começaram a enxergar o potencial de negócios desse mercado senior. Podem ser casas independentes agrupadas em torno de um espaço comum, ou moradias onde os cômodos “operacionais” como cozinha e lavanderia e áreas de convivência são compartilhados. Há diversos modelos de habitação para gente mais velha, como se pode ver no site The Senior List.

Foto: Viva a Longevidade
Com a filosofia de “amigos ajudando amigos”, os cohouses seguem modelos cooperativos e às vezes incluem amigos vivendo juntos. No Brasil, a iniciativa pioneira é a Vila ConViver, criada por professores aposentados da Unicamp, prevista para 2020. Diferente de um asilo, ela é um coletivo de casas de 50 a 100m2 onde as decisões e os espaços sociais são compartilhados. “Vários estudos mostram que esse modelo de moradia contribui, de forma decisiva, para uma vida mais longeva, com uma melhor saúde física e mental e, portanto, uma melhor qualidade de vida dos idosos, reduzindo ou eliminando doenças comuns na velhice”, aponta Bento da Costa Carvalho Jr, coordenador do grupo de trabalho sobre moradia da Unicamp.

Tenho uma amiga, a Edelaine Gomes da Luz, que largou sua vida de alta executiva para perseguir o sonho de montar um misto de espaço de auto-conhecimento e ecovila, o Vilarejo Núcleo Consciência. Ela já andou espalhando entre os amigos que a fase 2 do projeto será um cohousing de gente que se alinha com a filosofia do lugar. Eu já peguei a minha senha!
Morei em república enquanto jovem, será uma farr morar na maturidade.
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